segunda-feira, 23 de março de 2009

Atonement


"Expiação" é um dos filmes impossíveis de esquecer, na minha opinião. De Joe Wright, que esteve também à frente de "Orgulho e Preconceito", o filme prima por um ambiente de calma, de natureza, de verão em que há a eminência constante de uma catástrofe prestes a acontecer. A banda sonora de Dario Marianelli deve ser referida como um dos pormenores que conferem a perfeição do filme e a sua essência cinzenta. Sim, quando penso neste filme, penso em "Cinzento", em praias nubladas de areia fria de madrugada, em pessoas sozinhas a caminhar e a recordar à beira mar. O livro de Ian McEwan, que também faz parte da minha prateleira, está adaptado na perfeição. As personagens têm alma - enganam-se, especulam, cometem erros em nome dos seus desejos incontroláveis, das suas dúvidas e impressões, muitas vezes erradas. Robbie (James McAvoy) não é um herói, nesta história. Longe disso, é um homem complexo que provavelmente lida mal com o amor que sente pela filha do patrão que o tem ajudado financeiramente a concluir o curso. É inteligente, perspicaz, e provavelmente nunca daria um passo em frente, não fosse Cecilia (Keira Knightley) assumir finalmente o que sente - primeiro para si, depois para ele. A acção principal do filme passa-se numa tarde quente na década de 30, na qual um acontecimento mal interpretado pela irmã mais nova de Cee condena Robbie e rouba a ambos a vida que, sem as divagações de Briony, partilhariam.

Ao estilo dos filmes actuais, em que no final fica ao espectador a frustração e a impotência das personagens perante os acontecimentos, assim como a ideia implícita de que o destino, através de pequenos desvios da rota, tem o poder de dar outros fins, muitas vezes os menos desejados, à vida de cada um.

A este, eu atribuiria cinco estrelas.

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