segunda-feira, 23 de março de 2009

Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulin


"O Fabuloso Destino de Amélie Poulin" é mais do que um filme: é um hino aos sentidos e à nossa condição de humanos e individualistas. A Amélie tem alma de criança, talvez por não ter tido grande infância. À vista dela, é tudo tão simples que, por antecipar a comoção de um homem ao reencontrar a sua infância numa caixa, decide interferir na vida dos outros com acções subtis. Entretanto, a sua vida precisa de ganhar, igualmente, um rumo. Apaixona-se e, como todos os apaixonados, entra num jogo em que se receia e se espera que o outro seja o primeiro a ceder e a procurar-nos: ela recusa-se a permitir-lhe chegar até si, preferindo brincar às escondidas. Curiosamente, desta forma consegue despertá-lo para o quão diferente e espirituosa é.

Este filme é quase um retrato das pequenas especificidades da vida, de pessoas especiais que não vemos e de outras que, ao ver, ignoramos. A Amélie é corajosa por mexer com a vida dos outros, de uma coragem a que todos renunciamos, de modo a nos mantermos fora de preocupações. A acrescentar a isto, há também a certeza de que a maioria das pessoas não se preocupa realmente com o que se passa ao seu redor, prefere pensar que está fora do seu alcance ajudar, e fora da sua competência interferir. Daí que a Amélia seja tão especial.

A cada vez que vejo o filme, confirmo que a banda sonora de Yann Tiersen fica perfeita nas notas melancólicas do filme, assim como a realização de Jean-Pierre Jeunot prima sempre pela irreverência e originalidade, como em "Um Longo Domingo de Noivado", adaptado do romance de Sebástian Japrisot - uma história complexa transmitida na perfeição para a tela, e sei-o porque o livro tem o seu lugar na minha prateleira.

Um comentário:

  1. O filme é tão simples, tão puro e casto, inocente, melancólico e divertido que - verdade seja dita - faz dele um dos melhores filmes que já vi na vida. Tem um significado especial para mim, não vou mentir, mas não é por isso que gosto mais ou menos. Já o vi para cima de 20 vezes .. e de todas as vezes fico colado ao ecrã. A Audrey é a mulher certa para o papel certo, o Yann faz a música certa para o filme certo .. este filme foi, todo ele, para mim, um tiro em cheio!

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